DÍMITRA MANDÁ


Nem tu sequer

Em longínquas magníficas paisagens do negro
como pude esquecer
levaram-me até ao mais áspero branco do sol
aos contornos dispersos das ilhas de ontem
como me perdi
buscando sombras
e nem uma só árvore
nem um mar
nem tu sequer


O último mar

Não é já tempo para sonhos
nem para os trabalhos do amor
e nem sequer para as palavras.
Outrora falavas de tantas coisas falavas
e de toda a parte chegavas
no meio de aventuras de cores e de estrelas
e de paisagens marinhas
ao meu corpo chegavas.
Viagens já não existem agora;
quanto tempo passou desde o último mar.


Ausência

Vazio de luz o quarto
vazio o teu corpo
o teu rosto;
as formas silenciam por trás do negro
e lá fora o eco da chuva por sobre a noite.
Esvaziou-se de luz o quarto
o teu corpo
o teu rosto;
as minhas mãos apertam a tua ausência
e a chuva
como se perdeu também ela no meio da noite.


Dímitra Manda nasceu no Peloponeso (Grécia). Os poemas que aqui divulgados, retirados do O Momento do Amor (agora publicado na colecção UniVersos Poesia, das Edições Sempre-em-Pé, com tradução de José Carlos Marques) foram musicados por Mikis Theodorakis e cantados por Angeliki Ionatos no disco Um Mar (Mía Thálassa), de 1995.

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