POETAS NOVOS DE PORTUGAL

SANDRA COSTA



1.
Arestas de agitação profunda
como um esquecimento.

2.
O que me dói no chão [e nas palavras]
é o latejar de uma fuga que não existe.

3.
Nenhuma flor [ou o fulgor do medo].

4.
O silêncio crepita
e a solidão do mundo é maior.

(in Nenhuma Flor)


*****


Repercutem os nomes abatidos
a luz atravessada do avesso
as películas que ficam do absoluto dos poemas
o ofício da vigília dentro do sono mais profundo

- designações trémulas do sagrado
ou um par de asas a corromper o silêncio –

(idem)


*****


O que torna
o poema
imperceptível
é
este ar
de Outono
que tem

- vela-se o tempo
como uma sombra –

(idem)


Sandra Costa (S. Mamede do Coronado, Trofa, 1971) é professora de História nos Ensinos Básico e Secundário. Publicou: Sob a Luz do Mar (Campo das Letras, 2002), Nada se Sabe das Profundezas (In-Libris, 2003) e Nenhuma Flor (In-Libris, 2004). É co-responsável pelo blogue Tempo Dual.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonitos estes poemas. Blog bem organizado e com textos muito estimulantes, originais. Vou ler com frequencia.